21 janeiro, 2007

Uma triste realidade

Era uma vez, mais uma criança no mundo. Nessa história seu nome vai ser desprezível. Como toda criança, não enxergava a maldade existente no mundo e gostava de todo mundo. Era daquele tipo de criança adorável que estava sempre sorrindo e gostava de abraçar todo mundo que via pela frente. Tinha muitos amiguinhos com quem realizava todas as travessuras de criança. Nem os tradicionais castigos o impediam de continuar a fazer suas molequices e continuar sendo a criança mais feliz do mundo.

O tempo passa e apesar de ainda ser uma criança, ele já tinha mais responsabilidades a cumprir. Além de freqüentar a escola, tinha curso de inglês, futebol e natação. Sobrava menos tempo para brincar, mas isso não quer dizer que deixara de brincar e ainda tinha muitos amigos. Tinha cansado um pouco da rua, e agora gostava de freqüentar os shoppings da cidade, principalmente para ir ao cinema. Combinava com a galera pelo MSN e no sábado a tarde estava a turma toda lá. Antes era todo dia, agora só aos sábados.

O tempo passa e ele cresce (como criança cresce rápido). Agora jovem, já estava na faculdade. Alguns amigos de infância se perderam por diversos motivos, mas novos amigos chegaram. Era um cara muito dedicado aos estudos, mas ainda mantinha dentro de si o espírito da diversão. Adorava uma chopada, vivia na noitada e tinha uma namorada por quem era perdidamente apaixonado e com ela pretendia se casar. Esse amor era recíproco por parte da menina. Logo arrumou um trabalho que lhe rendia uma boa grana no fim do mês. Mas trabalhava bastante e o final de semana era apenas para descansar e recuperar as energias para mais uma semana e trabalho e estudo. O que era todo dia, passou a ser toda semana e agora era só nos feriadões ou nas férias.

Finalmente ele conseguiu se formar e devido ao seu talento logo se firmou em um ótimo emprego. Conseguiu realizar o seu sonho, e casou-se em grande estilo. No dia do casório estavam presentes vários amigos, mas mal pode dar atenção a eles.

Vida de recém casado é dureza. Comprou uma casa na qual teria q ficar uns 10 anos pagando e ainda tinha que enchê-la de moveis e quinquilharias eletrônicas. Para aumentar a lista de despesas logo chegou o primeiro filho. O amor ao filho é maior que tudo. Maior até que o sofrimento na hora de pagar as contas. E ele queria dar a criança todo conforto do mundo que ele teve quando também era uma. Com tanta despesa sua amada também teve de trabalhar, e ele arrumou um segundo emprego. Uma babá tomava conta do bacuri. Ambos chegavam em casa cansados e nem sempre tinham disposição para sexo. Era chegar, tomar um banho, jantar, ver a novela e da um pouco de atenção para o filho. Depois cada um no seu canto da cama. No dia seguinte a história se repetia. E como as férias dele nunca batiam com as dela, que por sua vez não batiam com as férias escolares, nunca tinham muitos momentos para o lazer.

Ai ele ficou velho e se aposentou. Tinha uma boa aposentadoria e todo tempo do mundo. Seu filho já era homem feito e se virava por conta própria. Só que após tantos anos de trabalho, ele estava cansado e achava aquela agitação da cidade uma loucura e preferia ficar em casa.

Não sei se repararam, mas o que eu queria mostrar com essa historia e que conforme vamos crescendo, os amigos vão desaparecendo da nossa vida. Maldita sociedade burguesa, que nos proporciona essa vida de responsabilidades em busca de um ouro de tolo e que nos afasta (contra a nossa vontade) dos amigos. Tenho medo só de pensar se isso acontecer comigo. Mas acredito que para tudo na vida tem um jeito.

Minha solução: proponho que o dia do amigo (20 de julho) torne-se feriado nacional. Neste dia, aqueles que não têm mais tanto tempo para estar com os amigos, organizem grandes encontros em que todos possam celebrar pura e simplesmente a amizade. Só que uma vez por ano é muito pouco. Enquanto posso, faço de todos os dias do ano, o dia do amigo.


João Gabriel H. Pinheiro

1 Comments:

At 2:00 PM, Blogger Carol said...

Favor não falar de casamentos comigo, estou traumatizada! Que coisa! uahuaa

 

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