13 novembro, 2006

Maravilhosa, porem triste


Já faz três meses que tive que me tornar um freqüentador diário do coração comercial da Zona Norte do Rio de Janeiro: O bairro de Madureira. Admito que, no inicio não gostei muito ( na verdade odiei) a idéia de estudar lá. Mas o tempo passa e as coisas mudam. Talvez seja meu espírito jornalístico que está florescendo, e agora começo a gostar de passar por aquele formigueiro humano, de trânsito infernal, onde preciso incorporar um malabarista para chegar ao meu destino sem esbarrar em ninguém. Tudo isso me empolga, mas também me leva a tristes observações sobre o meu mundinho.

Caminhando por Madureira, vejo um povo que não anda muito animado, sem aquela famosa alegria brasileira, que perdeu o jeito carioca de viver. Vejo todos, comprando, comendo, dentro dos ônibus e kombis. Mas não percebo na expressão facial dessas pessoas o prazer no que esta fazendo, ou simplesmente o prazer de viver. Parece que estão realizando seus respectivos atos de uma forma mecânica, fazendo por fazer, como se estivesse ali por um impulso, e não por vontade própria.

Começo com minhas velhas reflexões e tento encontrar alguma explicação para o que observo. Lembrei que para estarmos felizes, precisamos de um motivo. E que motivos, esse povo possui para estar de bem com a vida? Há quatro anos atrás, a esperança venceu o medo, que por sua vez foi vencida pela decepção. Há quatro anos atrás, esse mesmo povo fez um voto de fé, e hoje perdeu sua crença naquilo que acreditou. É até no futebol, onde o povo tinha certeza de ser feliz, fomos derrotados. O povo só não deixou de sonhar, e principalmente acreditar nos seus sonhos, que são de dias melhores no futuro. Mas por enquanto, são apenas sonhos. Ai o povo acorda, lembra do presente, e fecha a cara de novo.

Podem Perder as esperanças de que alguém de poder vai fazer algo que deixe o triste povo do Brasil, do Rio de Janeiro e de Madureira feliz. Acredito que um dia (algum dia), em um fenômeno natural da evolução da espécie humana, ele perceberá que tem o direito que ninguém pode tirar. O de ser feliz. E quando estiver triste, lutará com todas as suas forças para ter aquilo que lhe pertence.

Ah, dessa vez não é uma das minhas utopias, nem um sonho. É uma visão do futuro (como se eu fosse vidente). Na verdade, só acredito que todos têm seu limite, inclusive o limite de ser explorado, coisa que os exploradores acreditam que não temos. Só desejo ainda estar vivo, quando esse limite chegar ao seu fim.


João Gabriel H. Pinheiro

1 Comments:

At 12:18 PM, Anonymous Anônimo said...

capitalismo....é o culpado de tudo....Por isso somos "tristes" e submetidos ver uma exposição de barcos na gloria aonde o barco mais barrato custa USS10.000,00 e tem varios que compram mais de 3 barcos com preços muito maiores...ate que vc olha para o lado e vê gente morrendo de fome....

 

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