05 dezembro, 2006

O livro do homem


A história é feita de fatos. Fatos que são ações. Ações que necessitam de alguém para se realizarem. Na história dos homens, que na verdade deveria se chamar história de alguns homens, pois só alguns fazem com que ela aconteça. A grande maioria só observa tudo acontecer. Com o desenvolvimento das comunicações (rádio, TV, internet) essa passividade aumentou ainda mais. Tomamos conhecimento sobre uma grande quantidade de fatos que acontecem no mundo e até fora dele. Vemos pessoas fazendo alguma coisa ai às elogiamos, criticamos ou simplesmente continuamos calados. Ao final do ano vemos a retrospectiva e lembramos um pouco de tudo que foi feito no ano. Em seguida, tudo é jogado no arquivo-morto do cérebro e provavelmente nunca mais sairá de lá.

A passividade talvez seja um câncer que já se enraizou em nossos corpos e não nos deixa levantar do sofá. Bravos homens, que foram classificados nas mais inferiores castas do regime capitalista, mas mostraram sua grandiosidade e entraram para história. Uma vez, um caseiro de casa de gente rica e poderosa, que observava seus patrões fazendo coisa errada, esqueceu do “seu lugar” e foi lutar para que a justiça fosse feita. Chega! Um exemplo é suficiente para mostrar como é simples fazer história.

Mais uma vez, lembro que a história não é só aquela contada nos livros e sim o gesto que você faz que mude alguma coisa na sua vida e nas pessoas ao seu redor. Sou daqueles que acreditam que é impossível se medir gestos. Pelo simples fato de que algo não pode ser nada pra mim, mas para você pode ser importante pra caralho.

Um boteco, qualquer boteco, deve ser o espaço mais revolucionário do mundo. Na maioria das vezes em que o homem decidiu fazer história, tudo começou em um boteco. Não sei, mas talvez a noção de injustiça das pessoas deve ficar mais apurada com a elevação da quantidade de álcool no corpo. Olha que isso não é papo de cachaceiro. Já tem três dias que não bebo, e portando livre de qualquer estado de embriaguez ou ressaca.

Não sei como os donos do mundo não perceberam o quanto é perigoso esse ambiente chamado Bar e esse grupo de pessoas chamado Amigos e não planejaram nada para acabar com eles. Talvez ate planejaram e não conseguiram. Mas no fundo acho que não. Acredito que eles também desfrutem das maravilhas de um bar com seus amigos e é claro, também fazem história. Só que ai entra aquela outra problemática que já discuti aqui de se fazer o bem ou o mal. Fazer bem para quem? Fazer mal para quem?

Esse texto é em homenagem a todos os meus amigos e a todos os botecos do mundo.


João Gabriel H. Pinheiro