25 fevereiro, 2007

Quatro dias em off faz bem a saúde

Este que vos escreve ensina: não tem nada melhor para o corpo e para alma do que desconectar-se da matrix por alguns dias. Esconda-se do mundo civilizado e curta as maravilhas do que parece ser um mundo de sonhos, mas na verdade é o mundo real que esta a nossa volta e bem pertinho de nós. O problema é que estamos cegos demais para enxergar. Mas isso é papo para outro texto.

Na tal da rotina passamos muito tempo preocupado com o que acontece pelo mundo (agora vejo como o mundo é grande) e acabamos por deixar de lado o que acontece bem ao nosso lado. Não sou a favor de desprezamos o que acontece ao redor desse planeta bizarro, mas é só o que eu disse antes: defendo que todos se desconectem da matrix pelo ou menos uma vez ao ano por uns quatro dias para apreciar o que temos de melhor bem ao nosso lado. Sem querer ser um ignorante, mas o negócio funciona assim: morreu 100 lá no Iraque? O furacão devastou aquela cidade? A floresta ta sumindo? Os comandos estão em guerra? FODA-SE tudo isto nestes quatro dias. Importe-se com quem e com o que está ao seu redor.

Não pensem vocês que sou um bom vivant que aproveita a vida ao extremo. Minha primeira desplugada da matrix foi agora, com quase 19 anos. Vejo como besteira pensar no tempo perdido. O legal é ficar pensando em tudo o que fiz (não canso de fazer isso) e esperando a hora de contar tudo para meus netinhos. E agora cá estou eu, na frete de um computador escrevendo esse texto. Vou parar que bate a depressão só de pensar.

Critiquei tanto a rotina, mas a vejo com um mal necessário. Não só mal, pois dela tiro muita coisa boa e no final o saldo é sempre positivo. Não me vejo capaz de viver muito tempo desconectado da matrix. A matrix que nos deixa revoltados, nervosos, estressados e loucos. Mas é isso que a gente tem de melhor. Dela também podemos (e devemos) tirar as coisas boas e levar uma vida feliz. Tudo isso é o nosso mal necessário de cada dia. O que seria de mim, morador do purgatório da beleza e do caos sem internet, fumaça na cara, correria, fast-food, o consumismo louco, etc. Pois é pessoas, é isso que a gente tem de melhor e devemos fazer bom proveito.

Ah, minha conclusão? Não sou capaz de viver fora da matrix, mas pular a cerca às vezes é mais do que necessário, é fundamental. Você leitor, que nunca pulou a cerca não sabe o que esta perdendo. Ficou empolgado? Que ótimo! Só não se esqueça de me convidar, OK!

E para aproveitar ainda mais seus dias em off aqui vão algumas dicas:

1 - Esqueça este blog e toda a internet!

2 - Desliguem a porcaria do celular.

3 - Caso vejam uma televisão a sua frente, olhe para o outro lado.

4 - O mesmo vale para bancas de jornal.

5 - Evite conversas sobre qualquer coisa relacionadas sua vida rotineira

6 - E não poderia esquecer: aproveita tudo que esta ao seu redor.

João Gabriel H. Pinheiro

15 fevereiro, 2007

Sugestão de pauta para quem fica

Já reparou a quantidade de pessoas que andam pedindo paz nestes últimos dias? Até dou razão a elas, mas em parte. Acredito que o mais importante a ser feito não precisa nem juntar um monte de gente e fechar uma rua.

Você ai já parou para pensar como pode agir para conseguir a tão desejada paz?

Pegar suas coisas e fugir para bem longe não vale. Alguém tem idéia de como podemos começar a resolver o problema?

Para quem for passar o carnaval na Internet, vale a pena refletir sobre isso.

Eu estou indo pro meio do mato, mas logo-logo volto para pensar junto com vocês sobre como acabar com a violência.

João Gabriel H. Pinheiro

06 fevereiro, 2007

O mundo é de quem faz pelo mundo

Para quem nunca ouviu falar, a história que vou contar pode parecer lenda, mas ela é verídica. E se passou mais perto do que vocês possam imaginar: em São Sebastião do Rio de Janeiro. Lá pela década de 80 do século passado, existia um sujeito chamado Darcy Ribeiro que acreditava seriamente que um verdadeiro projeto de educação para todos poderia mudar a situação desse país. Para os apressadinhos que tem preguiça de ler, já vou adiantar o final dessa história com uma frase do próprio Darcy Ribeiro: “Tentei alfabetizar as crianças brasileiras, não consegui. Tentei fazer uma universidade séria e fracassei. Mas os fracassos são minhas vitórias. Eu detestaria estar no lugar de quem venceu”.

“O que chamamos de evasão escolar não é nada mais do que a expulsão da criança pobre da escola que rejeita e maltrata a grande maioria dos seus alunos”

Muito a frente dos políticos do seu tempo, Darcy Ribeiro enxergou muito além da pobreza econômica que assola o Brasil. Ele percebeu também que havia uma pobreza (ou melhor, miséria) intelectual. E que resolvendo a segunda, a primeira seria selecionada mais facilmente. Não era desses que achava que uma bolsa esmola era programa de inclusão social. Para ele, mesmo o conhecimento sendo um patrimônio imaterial, possuia um valor agregado que não se existe nada no mundo para se comparar. E o melhor, uma vez adquirido pelo dono, ninguém poderá tomá-lo. Na verdade, o dono só vai recebendo cada vez mais e mais conhecimento.

“Ou o Brasil entra no mundo letrado, que é o mundo de todos os povos do nosso tempo, ou fracassamos como nação”.

Para por em pratica seu projeto, criou uma escola que erroneamente nossa mente limitada faz automaticamente uma comparação com as escolas que temos hoje. Lá não se fazia apenas transmissão de informações entre professor/aluno. Nessa escola o aluno era levado a se entender-se por si só, e porque estava no mundo e como buscar o caminho do sucesso, e depois ensinar esse caminho para as futuras gerações.

Como já sabem isso não deu muito certo. Eu nem precisava ter falado isso. Basta que todos olhem para o Brasil que esta abaixo do nosso nariz. Infelizmente o lado negro da força venceu e Darcy Ribeiro, velho e cansado se rendeu. Apesar de velho e cansado, acho que ele em nenhum momento desistiu do Brasil. Junto com ele, deveria haver vários seguidores que talvez continuem vivos, mas devem ter feito como os nazistas, que se esconderam pelos submundos com vergonha e tristeza de ver que seu ideal de vida fracassou.

“A quantidade de pessoas que tomam a pátria como sua causa é cada vez menor”

E essa foi à história de Darcy Ribeiro. Um homem muito a frente do seu tempo, que tentou levar todos a esse tempo em que ele vivia. Mas sabia ele que na verdade o futuro será ainda pior do que aquele presente. Mas o que seria do homem sem seus sonhos?

"Estou certo de que alguém, neste resto de século, falará de mim, lendo uma página, página e meia. Os seguintes menos e menos. Só espero que nenhum falte ao sacro dever de enunciar meu nome. Nisto consistirá minha imortalidade.".

E vocês, meus leitores. Ainda continuam sonhando né? Não digam que caíram na chatice da dura realidade. Nesses tempos se desviar um pouco dela é mais do que necessário.


João Gabriel H. Pinheiro

*frases entre aspas e tamanhos garrafais são de autoria de Darcy Ribeiro.