27 julho, 2006

O mundo que parou de sonhar

Certa vez Lênin proferiu uma frase que dizia assim: "É preciso sonhar, mas com a condição de crer em nosso sonho, de observar com atenção a vida real, de confrontar a observação com nosso sonho, de realizar escrupulosamente nossas fantasias. Sonhos, acredite neles." E a partir desta frase que me inspirei a escrever este artigo. Mas minha inspiração também vem da revolta de que hoje simplesmente desprezamos as palavras do Lênin. As pessoas até continuam sonhando, mas não acreditam mais nos seus sonhos.

Tenho uma admiração profunda por aqueles que lutam pela realização de seu sonho. Admiro todos que fazem acontecer, diferente da maioria que apenas olha acontecer. Então vou pegar duas figuras da história bem antagônicas, mas que se aproximam pelo fato de terem lutado até o último segundo de sua vida pela realização de um sonho. Essas pessoas são Hitler e Che Guevara. Cada um teve um sonho, um ideal de vida e acreditou que a partir dele tornaria o mundo um lugar melhor. Não quero discutir agora se eles estavam corretos ou não, apenas demonstro minha admiração pela vontade que esses dois caras tiveram em lutar ate o fim de suas vidas pela realização de seus sonhos.

Isso também me fez refletir durante varias madrugadas sobre o motivo que tenha levado a maioria das pessoas a deixar de acreditar em seus sonhos. E percebi que antes se fazias as coisas com muito mais amor e pensando muito mais no presente, na felicidade que aquilo ia proporcionar naquele exato momento. E o futuro? Bom, quando o futuro chegar a gente buscava outra forma de ser feliz.

Não sei se estou certo, mas hoje a preocupação com o futuro, com o dia de amanhã acabou um pouco com a felicidade de se aproveitar o tempo presente, o agora. Todos querem trabalhar por uma vida melhor no futuro sem saber se estarão vivos amanhã.

Não fiquem pensando que levo uma vida feliz e que luto para a realização de todos os meus sonhos. Se fosse citar tudo aquilo que não fiz por medo de conseqüências futuras talvez esse texto se prolongasse por mais duas ou três paginas e sendo assim vou finalizá-lo ta mesma maneira de como comecei com uma frase que vale para mim e para qualquer pessoa que por sorte ou azar veio parar neste blog.

"É preciso sonhar, mas com a condição de crer em nosso sonho, de observar com atenção a vida real, de confrontar a observação com nosso sonho, de realizar escrupulosamente nossas fantasias. Sonhos, acredite neles."

João Gabriel H. Pinheiro

15 julho, 2006

Fantástico Mundo do Mercado Informal.



Fantástico Mundo do Mercado Informal.



Água é R$1,00

Amendoim 3 por R$1,00

Jujuba 4 é R1,00

Você tem fome de que?

Você tem sede de que?

Pode ter certeza que você encontrar o que deseja nas mãos dos ambulantes que lotam as grandes cidades Brasileiras.

As atividades informais apresentam um espectro que se desdobra desde o comércio ambulante à pequena produção familiar, aos prestadores de serviços pessoais, aos guardadores de carro,vendedores de doces, etc. até o trabalho em casa operado com a tecnologia da informática e da Internet.

A partir da década de 90. a informalidade vem crescendo aceleradamente em todo pais, isso justifica-se pela escassez dos empregos de carteira assinada.

Triste realidade que vemos em nosso dia a dia , logo pela manhã quando pegamos o ônibus para ir ao trabalho.Nos grandes centros,como o Rio de Janeiro, é impossível não escutar a frase“Para o Divertimento de sua viajem e a alegria da criançada” que sempre vem acompanhada com promoções irresistíveis.Eu sou a prova disso, pois não resisto a nada, to sempre comprando e comprando, seja caneta,doces...

Acho engraçado como os vendedores ambulantes surgem fantasticamente quando temos um engarrafamento.Parece ate historia de desenho animado,assim que estamos em perigo eles aparecem.Mas com os ambulantes é só o transito parar que eles aparecem num passe de mágica (acho que eles são os únicos que amam os engarrafamentos gigantescos das grandes cidades)

O que me surpreende não é o motivo deles se multiplicarem a cada vez mais (se bem que isso também, mas depois falamos disso) E a alegria no qual trabalham e sempre inventam historias para poder vender mais mercadores (os publicitários têm muito a aprender com eles).Recordo que uma vez eu estava no ônibus e veio o moço todo triste falando que a sua sogra havia falecido e que quase não foi trabalhar, mas que com o trabalho informal se não trabalhar um dia ele perde bastante dinheiro,então de aconselho com um amigo que lhe falou:”primeiro o trabalho e depois o lazer” todos os presentes começaram a rir e ele vendeu toda a mercadoria.Fantástico não?nada como uma historia bem contada.Fico apaixonada a cada dia mais por esse povo que poderia “estar matando,esta roubando” ” mas estou lá tentando a vida através da ajuda dos motoristas,e do povão que consome suas mercadorias.E nos com certeza agradecemos quando eles aparecem para matar a nossa sede, ou para comprarmos aquela velha pipoca para a criançada.


Liliane Mendes



14 julho, 2006

Ópio neles! E em nos também!


Tudo bem que a copa do mundo já terminou e todo mundo ta de saco cheio de ler qualquer assunto relacionado a ela! Mas vou falar de um.
Nesses tempos de copa a intelectualidade brasileira fica divida entre acusar ou não o futebol de ópio do povo. Eu fico do lado daqueles quem acham que a copa do mundo é um momento de alegria merecido pelo povo. O povo que recebe salário mínimo, não tem um hospital decente para ser atendido, não tem ônibus para ir trabalhar, pois o mesmo foi queimado entre outros infinitos problemas que poderia esticar por demais esse texto. Então a cada quatro anos temos a copa do mundo e o povo brasileiro fica um pouco mais brasileiro e com seu ego lá em cima por termos a melhor seleção de futebol do mundo. É só um mês, um único mês cada quatro anos que o brasileiro tem direito a essa felicidade. Tudo bem que ele deveria ser o tempo todo o brasileiro que é durante a copa do mundo. Mas ai já é questão de educação, que deve ser feita desde criança na escola e em casa.
Deixando um pouco o a historia do ópio do futebol, vou entrar em outro assunto polemico, mas que também tema ver com ópio.
Nos grandes centros urbanos é comum uma discussão por parte da classe media: Dar ou não esmola ao mendigo? Ah, se querem saber eu sou a favor da esmola e já vou explicar-lhes o motivo.
O que são contra a esmola tem em sua grande maioria o argumento de que aquele infeliz que esta sentando na calçada vai pegar o dinheiro que lha foi dado para comprar cachaça no lugar de comida. Mas é exatamente por esse motivo que sou a favor da esmola.
Imagine-se na vida de um mendigo: sem casa, sem emprego, talvez sem família e sem nenhuma dignidade social. O que deve passar na cabeça deste pobre infeliz? É claro q se ele tivesse uma oportunidade de emprego que lhe desse uma vida mais digna ele aceitaria
Se esse mendigo fica sóbrio provavelmente ficara pensando em todos os seus problemas e na vida miserável que leva. E pior, não encontra solução para sair dela. A única solução talvez fosse se jogar na frente de um carro e dar fim a sua vida
Agora se o pobre mendigo esta bêbado, talvez sua vida se prolongue mais um pouco, pois pelo ou menos bêbado ele não se preocupa em pensar em todos os seus problemas e tem alguns momentos de felicidade. E uma ressaca no dia seguinte não mata ninguém
Pois é! Enquanto nossos governantes de merda e a sociedade não tomarem nenhuma atitude para resolver a o problema na desgraça social brasileira por que não enchermos de ópio (que neste caso vem em forma de cachaça) o classe miserável de brasileiro para que estes tenham alguns momentos de pseudo-felicidade e esqueçam da vida desgraçada que eles enfrentam todo dia, faça chuva ou faça sol.

João Gabriel H. Pinheiro

03 julho, 2006

Quando o theatro municipal terá seu baile funk?

Nesses últimos dias baixei algumas musicas do Cartola que pra mim é o maior poeta que uma favela carioca já conheceu. Um poeta marginal que não participou da semana de arte moderna, não era futurista nem conservador, não leu Nietzsche e nem era comunista. Cartola era um preto, pobre e favelado. Mas era inteligente.
Cartola fazia musica. Mas para aqueles quem freqüentavam as livrarias e restaurantes da chique Avenida Rio Branco Cartola era só um Zé ninguém q escrevia coisas fúteis e de conteúdo pobre ou nulo. Afinal o que pode se esperar de um preto, pobre e favelado? Pois é, o pensamento elitista de que pobre não tem capacidade de produzir cultura sempre existiu. E o samba era a manifestação cultural do pobre.
Mas o tempo passou e as pessoas passaram a olhar o samba com outros olhos. Olhos mais humanos e passaram a discutir toda a poética daquele ritmo musical. Sim, os sambistas viraram poetas! Isso não aconteceu apenas com o Cartola, mas com inúmeros sambistas, em sua maioria favelados. Foram surgindo as escolas de samba que mudaram o conceito de carnaval na cidade! E assim o samba saiu dos botecos de favela e invadiu as casas da classe media carioca
Hoje temos o funk como uma historia bem parecida mais com uma poética totalmente diferente. E a explicação é bem simples; acho q quase todos concordam que o homem é fruto do meio em que vive. Pois é, a favela mudou bastante. Quando olhamos para a favela hoje pensamos de forma totalmente diferente de quem olhava para ela há 70 anos atrás.
Antes tínhamos as folhas secas de Cartola e hoje temos o Comando Vermelho fundado por Escadinha e hoje de dono desconhecido e que amanha já será de outro dono em virtude da morte ou prisão do anterior. A favela virou terra de bandido e de baile funk que é uma festa com musicas feita por favelados onde se fala do mundo ou submundo da favela
Ai essa musica chegou ao asfalto. A sociedade se escandalizou com tamanha baixaria e ficou horrorizada de como podem chamar aquilo de musica. E o funk foi invadido os tradicionais programas dominicais da televisão, mas a rejeição ainda era enorme. Muitos do que gostaram tinha vergonha de admitir isso. Talvez por acharem que ouvindo funk estavam se tornando favelados. Como diz o poeta: “É som de preto, de favelado! Mas quanto toca ninguém fica parado”!!!
O funk nunca me agradou, mas estive pensando se com o passar to tempo vai acontecer com o funk a mesma coisa que aconteceu com o samba e ele será classificado com cultura popular e terá seu devido respeito?
E será que em um futuro que não sei se próximo ou longo estarei sentado em uma poltrona to theatro municipal assistindo a um concerto de baile funk? Bom, resta esperar para ver, ou melhor, ouvir um pancadão e toda sua poesia mostrando a realidade da desgraça social do nosso Brasil.


João Gabriel H. Pinheiro